poesias e textos

Sunday, May 28, 2006

DATAS ETERNIZADAS

Sou leitora da Lya Luft e observei que, assim como nós outros, ela também comete o engano de achar que a Páscoa tem uma época rígida, determinada para ser vivida.

Lya inicia o seu texto na Veja desta semana - Uma Páscoa particular -, informando que tem escrito sobre eventos especiais com intencional atraso. Ora, quem disse que refletir sobre a Páscoa hoje esteja fora do calendário? Por que só em momentos específicos nos dignamos a fazer o que deveríamos a cada dia? Por acaso Jesus determinou um dia do ano para que pudéssemos perdoar, pedir perdão, rezar, fazer bons propósitos?

Páscoa significa Mudança, Renovação, Renascimento. Essas metas devem ser constantes na vida de um cristão. Não devemos estabelecer um período para que aprendamos e queiramos ser Gente.

Há uma canção do Padre Zezinho que diz "Que bom seria se o Natal não fosse um dia...". Como é linda a época do natal. A cidade fica cheia de luzes coloridas. As casas são ornamentadas com o Papai Noel, o bom velhinho, cheio de graça e paz. Nessa época nos tornamos mais fraternos, amigos, abrimos o nosso coração. Após a Páscoa nos fechamos e só no Natal nos abrimos novamente. Apenas embalados pela canção do "Bate o Sino Pequenino" percebemos que os necessitados têm fome e frio. Só no Natal perdoamos a quem nos ofendeu. Somente no mês de dezembro abraçamos a todos, trocamos gentilezas. Por quê?????

O pobre permanece necessitado após o natal. Os doentes que visitamos no período natalino continuam a sentir solidão. Os nossos vizinhos, amigos, colegas continuam dignos do nosso carinho, da nossa atenção.

O Menino Jesus continua a pedir que não apaguemos as luzes do nosso coração. Não desarmemos a árvore na qual colhemos frutos de misericórdia. Não esqueçamos a imagem do Papai Noel que nos remete ao Santo - São Nicolau - que distribuiu seus bens com os necessitados. No entanto, o maior temor do Menino-Deus é o de que, como em todos os anos, Ele mais uma vez seja abandonado, ignorado, esquecido para somente no natal seguinte ser lembrado.

Façamos a nossa Páscoa todo dia. Celebremos o Natal sempre.

Para os que lêem as minhas mensagens advirto que não mais seguirei as regras impostas pelos homens de só escrever sobre a Páscoa e o Natal nas épocas que estão em vermelho no calendário. Bem, esse é o propósito mais fácil de cumprir. Há, contudo, um longo caminho a seguir. Sei que preciso crescer um pouco a cada dia. Tenho consciência de que algumas vezes além de não vencer nenhum degrau ainda escorrego e fico mais distante d'Ele. Sei, no entanto, que o importante é ter consciência da minha pequenez e não desanimar nunca. Afinal, Tudo é possível ao que crê.

Iara Mesquita
05/04/05

REFLEXÕES SOBRE O LIVRO FERNÃO CAPELO GAIVOTA

Richard Bach foi piloto da Força Aérea Americana e Fernão Capelo Gaivota foi seu primeiro sucesso literário publicado em 1970.

O livro relata a história de uma gaivota que quebrou todas as barreiras porque queria voar até o infinito. Essa gaivota se recusou a aceitar a imposição de que era limitada. Ignorou o espírito de manada e treinou incansavelmente, perseguindo o seu sonho maior.

É sobre essa garra e determinação de quem reescreve a própria história que vamos discorrer.

Fernão Capelo Gaivota tinha como maior objeto voar sempre mais alto, vencendo as próprias limitações até chegar à perfeição.

As outras gaivotas do bando ignoravam esse seu jeito de ser. Elas aceitaram o perfil imposto: gaivotas não voam como os gaviões, e pronto. Mas Fernão era questionador por natureza, seu espírito revolto não aceitava as barreiras impostas. Por que não podia voar rápido como os falcões? Por que não podia voar à noite como as corujas? Por que não podia fazer vôos rasantes como os pelicanos e albatrozes?

“Podemos nos erguer de nossa ignorância, podemos nos considerar criaturas exímias, inteligentes, hábeis. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar”.

Às vezes parecemos talhados em pedra. Não conseguimos ceder para aprender.

Fernão pagou um preço muito alto por se recusar a seguir o destino traçado para o Bando. Foi julgado, banido do Bando. “Fernão Gaivota descobriu que o tédio, o medo e a raiva são as razões pelas quais é tão curta a vida das gaivotas, e, com essas limitações longe de seus pensamentos, viveu, na verdade, uma longa vida”.

Fernão voou até o céu. Então ele descobriu que ali havia gaivotas que pensavam como ele. Elas também tinham o mesmo sonho: ir além da mesmice, superar obstáculos, vencer a si mesmas.

“O céu não é um lugar e também não é um tempo. O céu é um ser perfeito”.

Tocamos o céu cada vez que crescemos espiritualmente. A perfeição não tem limites.

As gaivotas que temem a estrada para a perfeição, não voam além da mediocridade. As que corajosamente enfrentam os desafios porque desconfiam de tudo que é finito, vão a qualquer lugar sempre que quiserem.

Para vencer as próprias limitações é preciso acreditar que pode. É preciso sentir que já conseguiu.

É preciso ignorar que nos encontramos presos dentro de um corpo limitado.
“Sede santos, como eu sou santo”. Essa é a nossa verdadeira natureza.

Quando pudermos compreender a extensão dessa citação bíblica venceremos qualquer barreira.

Nosso vôo mais difícil será aquele que nos levará ao aprendizado do verdadeiro significado da bondade e do amor.

“Fernão ali de pé na areia, começou a pensar se lá havia uma gaivota que poderia estar lutando para libertar-se de seus limites, para ver o significado do vôo”.

“Vê mais longe a gaivota que voa mais alto”.

A verdadeira amizade vence espaço e tempo. “Supere o espaço e tudo que nos sobra é o Aqui. Supere o tempo, e tudo o que nos resta é o Agora”.

Afastemos a idéia de limitação e alçaremos vôos ao infinito.

Jesus, a nossa Grande Gaivota, foi ele mesmo, com toda a liberdade. Fez o vôo mais perfeito, além dos limites do próprio corpo. Também ele foi considerado um Pária pelo Bando. Contudo, levou o seu projeto até o fim. Não temeu, não recuou. Avançou sempre, mais e mais. O Bando continuou na terra preso à própria limitação, não por falta de estímulo, convite, exemplo. Simplesmente porque não acreditou que seria capaz de vencer, de se tornar maior, de alçar vôo para novos horizontes.

“O que era velho se foi. Eis que tudo se fez novo". Precisamos desenvolver a capacidade de nos desapegarmos das velhas manias, medos antigos, descrenças e renascer inteiramente novos. Cheios de novidade de vida. Afastar os velhos pensamentos que nos aprisiona. Crer que podemos e devemos ser ilimitados: no amor, no perdão, na paciência etc.

Somos todos uma idéia divina - a Grande Gaivota na parábola de Richard Bach.

Precisamos praticar a nossa visão e todos os nossos sentidos, até a exaustão, para que possamos ver a Luz Verdadeira em cada ser humano. Ou, na alegoria de Bach "A gente tem que praticar e ver a gaivota autêntica, o bem em todas elas, e ajudá-las a vê-lo em si mesmas. Foi isso o que eu quis dizer com amor. E é divertido, quando a gente pega o jeito da coisa”.

Quando Jesus nos deixou ele quis que usássemos os seus ricos ensinamentos, praticássemos os seus exemplos, descobríssemos a nós mesmos, um pouco mais todos os dias.

Jesus falou que somos capazes de fazer as mesmas coisas que ele. Que faríamos muito mais, porque ele iria para o céu, seu tempo era curto, e nós ficaríamos aqui mais ainda. Será que compreendemos esse desafio? Poderemos ser divinos se realmente quisermos.

A felicidade suprema de um ser humano será no dia em que ele, ainda que por apenas um átimo de instante puder ver as pessoas como Jesus as vê. Então, nesse dia se realizará a Jerusalém celeste dentro do nosso coração: não haverá mais medo, ressentimento, raiva, ódio, ciúmes. Só o amor comandará a nossa vida. Compreenderemos que o céu não é um lugar, mas um estado de espírito.

Iara Mesquita
11/03/06