poesias e textos

Thursday, November 24, 2005

O MONGE E O EXECUTIVO

Li recentemente o livro O Monge e o Executivo, de James C. Hunter, e gostaria de relatar as minhas impressões sobre essa obra que aborda a Liderança com clareza, maturidade, alicerçada em uma visão humana em que para ser um bom líder é necessário primeiro fazer uma auto-análise, buscar o conhecimento de si mesmo para então liderar uma equipe com maestria.

A história começa com um executivo em crise que “ decide participar de um retiro sobre liderança num mosteiro beneditino, comandado pelo frade Leonard Hoffman, um influente empresário americano que abandonou tudo em busca de um novo sentido para a vida.”

A seguir apresentarei algumas citações e discorrerei sobre os temas.

“Juntos somos mais sábios do que cada um sozinho”. É importante valorizar os conhecimentos, as habilidades de cada um. Entender o espírito de equipe.

“Ouvir é uma das habilidades mais importantes que um líder pode escolher para desenvolver.” Ouvir não significa simplesmente deixar o outro falar. Mas, principalmente, demonstrar interesse, se envolver em sua narrativa. Meu filho Tiago já chamou a minha atenção algumas vezes ao perceber que eu silenciava mas não estava atenta ao que ele dizia. Quantas coisas aprendemos com nossos filhos!

O autor diz que devemos liderar com autoridade e esquecer o poder. A autoridade é a habilidade de influenciar as pessoas a fazerem de boa vontade uma tarefa. O poder é a faculdade de coagir alguém a fazer algo. O poder é agressivo, gera impacto e má vontade. O poder é circunstancial, portanto, poderá ser perdido. A autoridade é atemporal, independe de circunstâncias externas (políticas, apadrinhamentos, cargos etc.).

Jesus Cristo não tinha nenhum poder terreno. Ele não exercia nenhum cargo, não gozava de influência entre os ilustres da época. No entanto, tinha Autoridade mais que qualquer um. Ele foi o maior líder de todos os tempos. As pessoas eram levadas a segui-lo.

Os reis, escribas, doutores da lei, que tinham o poder, se sentiram ameaçados com a Autoridade de Jesus. O filho do carpinteiro, amigo de pescadores, tirava o sono das cabeças coroadas!!!!

Inúmeras vezes relegamos ao segundo plano os relacionamentos. O escritor nos alerta para a importância que deveremos dar às amizades. Se nos rodearmos de um ambiente saudável, equilibrado, transparente, certamente produziremos mais e melhor.

O líder não deve temer as pessoas que pensam diferente. Muitas vezes são essas pessoas que ajudam o grupo a manter o equilíbrio. Devemos nos desarmar para ouvir o outro.

Entendo que a maior pérola do livro está no capítulo quatro no qual é lembrado o amor que Jesus recomendou que tivéssemos com o próximo, amigo ou inimigo. Sempre achei particularmente difícil cumprir essa meta. Entretanto, o autor nos apresenta um caminho humano, não heróico ou necessariamente santo para que consigamos exercitar o amor bíblico. Podemos assumir atitudes positivas com todas as pessoas. Atitudes são comportamentos que só dependem de nós mesmos. É difícil amar alguém que nos feriu. No entanto, podemos adotar bom comportamento em relação a essa pessoa ao assumir atitudes de honestidade, paciência, educação, respeito.

Realmente o Amor delineado no capítulo 13 da Primeira Carta aos Coríntios está mais voltado para o comportamento que devemos adotar com as pessoas do que com sentimentos. Senão vejamos: “O amor é paciente, bondoso. Não tem inveja, não é orgulhoso. Não é arrogante nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça , mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.

Para mim a lição maior do livro foi que “amar não é como você se sente em relação aos outros, mas como se comporta em relação aos outros.”

O Líder deve ter as características citadas em Coríntios. A partir dos princípios citados acerca do amor (caridade) vão se desenrolando as devidas explicações a saber:
· Paciência – mostrar autocontrole.
· Bondade – dar atenção, apreciação, incentivo.

Enxergamos aquilo que queremos e procuramos. Se aceitarmos o desafio de procurar as qualidades nas pessoas, certamente as encontraremos. Nossa visão, audição, olfato são relacionados aos nossos sentimentos. Quando estamos procurando um determinado carro passamos a vê-lo bem mais que costumeiramente porque nossos sentidos estão voltados para esse objetivo. Quando estamos quietos e atentos à natureza percebemos o canto de um pássaro que para os que nos rodeiam é inaudível. Sentimos facilmente a fragrância de um perfume que nos marcou. Cada pessoa tem um visão diferente de um mesmo fato. Depende da atitude que assumimos em relação ao mundo. Portanto, Bondade pode ser uma atitude, um comportamento.

· Humildade – oposto do orgulho. Agir sem arrogância.
· Respeito – tratar as pessoas com dignidade.
· Abnegação – descobrir as necessidades dos outros e satisfazê-las. Não confundir necessidades com vontades.
· Perdão – não significa ignorar o mau comportamento, mas ser assertivo, aberto, honesto e direto com as pessoas. Significa até refletir sobre o que levou àquela pessoa a agir de maneira imprópria. Significa lembrar que nós também erramos. Com o amadurecimento das emoções podemos nos livrar dos ressentimentos.
· Honestidade – ser livre de engano.

Ser honesto é agir com justiça. Elogiar quando merecer e não apenas para agradar, induzindo o outro em engano. Ser honesto é dar um retorno firme e justo. É esclarecer quais as suas expectativas e em que a pessoa pode contribuir mais para aprimorar os trabalhos.

Compromisso – interesse pelo crescimento e aperfeiçoamento da equipe.

Merece destaque a serena abordagem acerca da ligação entre sentimento e comportamento. “Nossos pensamentos, sentimentos, crenças – nossos paradigmas – exercem de fato grande influência sobre nosso comportamento. A práxis ensina que o oposto também é verdadeiro.”

Se aceito o desafio de me despir de preconceito e procuro enxergar, ver, ouvir com boa vontade, ( “bem-aventurados os homens de boa vontade”) passarei a conviver melhor com as pessoas, a natureza, as situações. Os sentimentos são o resultado do nosso comportamento.

Escrevi há algum tempo um poema cujo título é Santidade ao Alcance de Todos. De fato eu realmente acredito que há dentro de cada um a centelha do Divino. Somos povo santo e pecador. Lembrei-me desse poema porque o autor do livro que estamos abordando assegura que o homem é essencialmente autodeterminante e, por isso, ele se transforma no que fez de si mesmo. Cita os campos de concentração. O ambiente hostil, inóspito é o mesmo. Entretanto, enquanto uns se comportam como porcos outros perfumam o ambiente com a sua santidade.

A recompensa da liderança com todas as características acima é a Alegria. Não a alegria vã, momentânea, egoísta. É a satisfação interior, a sintonia com a grande verdade. A busca incessante de Deus no irmão.

Em Tessalonicenses 5:16-18 há a seguinte citação “Alegrai-vos sempre. Orai sem cessar. Por tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus.”

Cada vez descubro que a Bíblia é uma coletânea de riquezas profundas. Lembremos que os apóstolos estavam alegres ainda quando perseguidos e presos. Os grandes líderes como Gandhi, Buda, Martin Luther King, Madre Teresa experimentaram essa alegria bíblica.

Orar sem cessar - vivenciar a oração - agir como se estivesse orando.

Por tudo dai graças. Vejamos quantas coisas boas nos acontecem. Voltemos o nosso coração para as belezas que nos circundam. É maravilhoso respirar naturalmente. É divino enxergar, andar. Não sentir dor. Ter saúde física e mental. Ter família, amigos. Ter um lar. As maiores riquezas são gratuitas. Temos razão para viver alegres.

RECOMENDO A TODOS ESSA OBRA PRIMOROSA. A TODOS PORQUE TODOS SOMOS LÍDERES – EM NOSSA CASA, EM NOSSA IGREJA, EM NOSSO TRABALHO. LIDERAR NÃO É CHEFIAR.

Agradecimento especial ao colega Paulo Loiola que me deu a oportunidade para fazer uma excelente leitura.

Um abraço
Iara Mesquita

Iara Mesquita

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